Imagem gerada com DALL·E
Em The Parade, de Dave Eggers, os protagonistas são identificados por números – “Quatro” e “Nove” – em vez de nomes, uma escolha que reflete a desumanização de sua missão. Eles não são indivíduos com histórias ou personalidades complexas, mas engrenagens em uma máquina de progresso impessoal, incumbidos de construir uma estrada que simboliza a promessa de uma nova era para um país devastado pela guerra.
No entanto, à medida que a narrativa avança, fica claro que essa estrada carrega ambiguidade: progresso para quem?
Quatro e Nove representam visões opostas. Quatro é eficiente, frio e determinado a terminar a estrada no prazo. “The road is the future,” ele afirma, com a certeza de quem vê o asfalto como solução para todas as feridas. Para ele, a estrada deve ser concluída sem interrupções, como uma missão técnica. “He was here to work, not to interfere,” Eggers escreve, deixando evidente sua distância emocional.
Por outro lado, Nove se envolve com as pessoas locais, questionando o real impacto da estrada. Ele percebe que a construção não é apenas um projeto de infraestrutura, mas uma imposição estrangeira. “They looked at him as though he were another invader,” destaca Eggers, ilustrando o ceticismo de quem já foi traído por promessas de progresso. Nove vê o lado humano da história que Quatro ignora.
A estrada, portanto, se torna uma ferramenta de dominação, um meio de abrir a região ao mundo externo, mas também de impor controle. Quatro acredita que “The road would open the country to everything—trade, tourism, the world,” sem notar que essa abertura pode resultar em exploração e perda de autonomia local. Para o governo, a estrada é uma celebração vazia de poder, com a parada final simbolizando mais uma conquista simbólica do que uma transformação real.
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